Não falamos sobre moda, cultura é o nosso foco, poesia nossa inspiração. Sair do lugar comum é como ver o mundo de cima de um salto 15...Vermelho!!!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Política, inocente e pura?


Meu primo tem 7 anos – ou seria 8? Não importa. A questão é que eu estava no meu quarto, acompanhado somente pelos ácaros e pelo mofo – é sério, um dia nasceu um cogumelo no meu quarto, que também é um fungo, tinha um aspecto bonitinho, mas não comi, não gosto de champignon. Quanto aos ácaros, embora fiquemos quase sempre a sós no meu quarto, também não costumo comê-los, se bem que respiro todo dia seu cocô, o que é uma merda... Literalmente. Em meio a esse cenário, entra meu priminho, que tenta imitar tudo que eu faço, geralmente as crianças são assim, imitam quem elas admiram. 

Ainda bem que eu não fumo nem como cogumelos encontrados em qualquer lugar. Ele sentou do meu lado, perguntou o que eu tava fazendo, eu expliquei que estava assistindo um vídeo do Fiuk cant... Instintivamente parei a frase, porque me lembrei que ele faz tudo que eu faço, de mal exemplo já basta o Fábio Jr. Falando sério agora, disse que estava fazendo um pôster para apresentar num congresso e que lá eu iria explicá-lo para professores, depois eles votariam no melhor entre todos os pôsteres que também estivessem sendo expostos.
Acho que a palavra “votariam” soou mais forte para ele diante do contexto simplificado do que seria uma exposição de um trabalho num congresso, têm coisas que realmente nos chamam a atenção. Por exemplo, um panfleto especificando as qualidades extraordinárias de um produto. Você vai ler, mas o que vai chamar a sua atenção naquilo tudo de forma quase mágica é o preço, mais ou menos assim – notebook VPC-EB, processador Intel Core i3-330M webcam Tela de 15.5 ‘ 4gb Hd 800gb Hdmi Bluetooth ( que porra é isso???) custa R$ 4859,00 (agora entendi!!! Putz ta caro). Sabendo disso, inventaram aqueles preços tipo – R$ 12,99 (que as pessoas traduzem como sendo “doze e pouco”...).



Voltando, meu primo fixou na palavra “votariam” e, por associação, perguntou se um congresso é tipo coisa de políticos, os quais esperam que os outros votem neles. Falei que era mais ou menos isso, afinal tinha gostado do modo como ele fez a analogia. Só retruquei dizendo que num congresso científico, diferentemente da política, não mentimos, falamos o que realmente representou uma pesquisa ou um relato de experiência – se bem no Congresso Federal se mente pra caramba. Notei que ele ficou meio pensativo, então ele me veio questionar se mentir era pecado. Novamente o lance da palavrinha que chamou a atenção. 

Falei que sim e algo sobre Deus anotar os pecados, porque assim ele vê quem merece ir para o céu – não me aprofundei, apesar de imaginar que se você mentir por uma causa nobre, a mentira será válida, como quando você vê nos comerciais de cerveja mulheres lindas ao lado de caras bem vestidos, festejando a mudança da cor de uma lata. Afinal, essa mentira toda (quem festeja a cor de uma lata?) é só para deixar as pessoas mais felizes, não é? Oh capitalismo altruísta, Deus concordaria. A nossa conversa continuou com ele indagando se os políticos que já morreram estão no inferno. Nesse momento percebi que ele não fazia perguntas alheatórias, tava raciocinando sobre tudo isso, já que deixei o pressuposto que os políticos mentiam e que Deus escolheria quem iria para o céu, meio que analisando as mentiras que a gente conta, nada mais lógico dele dizer agora que políticos mortos devam está no inferno.
Respondi que alguns provavelmente estejam, se fizeram por merecer. Falei também que mesmo alguns mentindo, talvez Deus possa perdoá-los – aqui para nós, não dizem que errar é humano, perdoar é divino? Se bem que o “perdoar” também é algo humano, caso não fosse, estaríamos perdidos diante de uma tentativa de reconciliação após uma traição, para as mulheres nem tanto que elas sabem esconder melhor uma traição... Danadinhas! Então meu primo retomou a entrevista e perguntou como e porque Deus perdoaria as pessoas. Uma pergunta complicada, obviamente surgiria uma idéia em algum momento, mas queria responder de forma compreensível, sei lá, de forma a não exigir uma reflexão muito profunda a ponto de se tornar incompreensível, visto que ele só tem 7 anos. Imagino que é diante desses questionamentos que surjam lendas como a da cegonha e os bebês. Mas tudo bem, daria para tentar buscar uma resposta, difícil seria se ele me perguntasse porque o Justin Bieber faz sucesso, talvez se eu fosse menina eu saberia... “Ai ele é tão fofo, ai ele é tão lindo, ai ele diz baby baby baby ooooh, ai ele deu em cima da Beyonce mesmo sendo gay...”, não, não! Essa última coisa elas não diriam, eu sucumbi a minha incompreensão, ou não.


Olhei para meu primo e falei que a vida é tipo um congresso mágico e que Deus era como um daqueles professores que mencionei lá no começo. Ele olha o pôster de cada um de nós, esse pôster que nós mesmos construímos e planejamos e nele estariam nossas escolhas, representadas pelos nossos acertos e erros, depois de analisar cada um, Deus daria a nota. Interessante que ele pareceu compreender, tive certeza disso após a próxima dúvida dele. “Se é a gente que escolhe nosso destino, porque muitos fazem a coisa errada? Não sabem o que é certo?” Eu disse que isso até pode acontecer, mas que na maioria dos casos a coisa ruim parece ser a mais atrativa. Ele retrucou com um pesado e seco... “Por quê?” Confesso que já estava sem muitas inspirações, mais ou menos como a Luciana Gimenez ficaria diante de um cubo mágico.
Apelando, respondi que talvez o diabo seja tão ruim como um político corrupto e convença as pessoas a fazerem coisas ruins diante da promessa de nunca serem punidas. Num sobressalto, como se tivesse sofrido um beliscão, ele disse: “Ah, mas o inferno é um lugar ruim, certo?” Falei que sim. “As pessoas fazem suas escolhas certas ou erradas, porque elas que constroem suas próprias vidas né?” Disse que era isso. “Mas talvez as pessoas façam as coisas erradas, porque o diabo as confunde né?” Sem querer parecer com um pastor da Universal, mas curioso por saber onde ele queria chegar respondi que pode ser. “Então o diabo é como um político corrupto em campanha constante.” Severino Cavalcanti realmente não me parece um anjo, no máximo lembra o mestre dos magos (pensei comigo mesmo).

3 Devaneios:

Everson Russo disse...

Uma bela semana de carinho pra ti amiga...beijos

Cristovam Melo disse...

Gostei demais, Lex! Como sempre, muito bem humorado e descontraído. Abração!

Kakau disse...

Eita, Lex, Lex!!!
Vc é uma das poucas pessoas que
me faz pensar e analizar sobre coisas das quais nunca damos importância!...rsrs

ameiiiiiii bjuss!!!

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