Não falamos sobre moda, cultura é o nosso foco, poesia nossa inspiração. Sair do lugar comum é como ver o mundo de cima de um salto 15...Vermelho!!!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Um dia para recordar

20 de julho, final da tarde.
Toca o telefone:
- Pronto!
- Lali?
- Lieneeeeeeeee!!!! Não acreditooooo!!!
Que coisa boa, minha amiga!!!
Não acredito! Já sei, tá ligando porque é o dia do amigo, né?!
Que bommmmmmmm!!!
Feliz Dia do Amigo pra tu também, criaturaaaa!
- Eita! É mesmo, hoje é o Dia do Amigo...
- Ai, o que foi? Que voz tristinha é essa?
- Os problemas da vida...
- Mas aconteceu algo?
- Tô precisando da tua ajuda.
- Claro, o que foi?
- Meu pai, tá super doente. Precisa se internar na próxima segunda-feira...
- E no que posso ajudar?
- Estou vendo com os mais próximos quem pode ficar como acompanhante. As meninas estão de férias e Teca (irmã mais nova) tem que ficar com mamãe que está com Alzheimer. Estamos pagando uma enfermeira para ficar a noite, e as despesas estão muito altas. Desculpa, queria ver se podias me ajudar.
Nove meses se passaram desde a última vez que vi a Liene. Foi no aniversário de uma amiga. Na época conversamos rapidamente sobre o estado de saúde da mãe, as crianças que brigavam o tempo todo, do maridão com todo o discurso petista. Normalmente nos vemos uma vez por ano, isso desde que entrei pra faculdade e me formei. Ela por sua vez, não tem muito tempo, pois optar por ser mãe, esposa e administrar uma casa, não é fácil. E pra amizade, restam as comemorações, quando a gente consegue chegar.

Quando desliguei o telefone, me senti feliz pela situação. Não pela doença do pai, mas em ver que mesmo distantes fisicamente, nos telefonando uma vez a cada 6 meses (ou às vezes, nem isso), sabemos que podemos contar uma com a outra e que amizade sobrepõe-se às adversidades.

Segunda-feira - Agenda refeita, compromissos adiados. Hoje passei parte da manhã e da tarde com o seu Manoel. Perdi as contas de quanto tempo não o via e acredito que ele nem me reconheceu. Passamos cerca de 5h falando sobre diversos assuntos: Política, religião, futebol, Miguel Arraes, Getúlio Vargas, Lampião, as aventuras quando caminhoneiro, o amor a primeira vista por sua "véia", entre outros. Não deixamos ninguém dormir na enfermaria, demos boas risadas e, em outros momentos, vi nos olhos daquele senhor de 82 anos, a emoção ao falar da infância sofrida ao ser abandonado pelo pai, o orgulho ao relatar como manteve alimentada a família de 5 irmãos e a mãe.

Na enfermaria também conheci o seu José Antônio, um senhor de 63 anos, filho de Serra Talhada, interior do Estado. Mesmo muito tímido, ele conversou bastante, me enriqueceu com suas histórias contadas pelo seu pai sobre Lampião, a experiência no corte de cana e dos ninhos de salamandras. Descobri ainda que em Betânia (outra cidadezinha do interior), os vaga-lumes continua brilhando, fato que arrancou boas risadas do seu Manoel. "Menina, você quer ver vaga-lumes? Então espera chegar a minha idade e ter catarata, vejo vaga-lumes o tempo todo". Confesso, não segurei o riso. Pra minha alegria, seu Manoel se mostrou um grande tirador de onda...rs

Em 5 horinhas renovei a fé, a esperança e a perseverança. Além de ser chamada de "menina" e convidada para comer uma buchada de bode, ainda fui intimada a voltar (O que farei com certeza). Bom, amanhã cedinho o seu Manoel estará se submetendo ao último exame (fico devendo o nome, pois não lembro. Vou perguntar pro Lex), pra confirmar o diagnóstico de câncer de pâncreas. A mim, resta o agradecimento a Deus por ter me proporcionado momentos tão ricos e, também, por poder compartilhar com a Liene de algo que poucos conquistam: A verdadeira amizade. Me senti honrada pela confiança depositada, deixando que eu, mesmo que por algumas horas, estivesse responsável pelo seu bem precioso.

Quanto ao seu Manoel, já acertamos para assistir aos jogos da Copa de 2014.

2 Devaneios:

Anônimo disse...

Tentei ontem comentar seu texto mas a emoção foi mais forte e a saudade doeu tanto q não deu para agradecer poder ler tamanho carinho ao próximo.
Fico feliz em saber q ainda existem pessoas e são muitas graças a Deus q dedicam algumas horas de seu dia ao idosos tive esta experiência por 2 anos e foi
enriquecedora as histórias contadas por eles são uma aula de vida um pedido de atenção q muitas vezes não notamos eu acredito que por muito tempo ficará na memória deles a sua visita Lali
E viva os vovós e vovôs
Carinho pra vc Lali bjkas
Andréa

Elô Araújo disse...

Olá, grande Déa!
Mais uma vez agradeço o apoio. Sei o qto compreendes a situação.

Bjo grande

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