Embora para alguns o fato de ser alegre represente uma afronta mediante o grande caos no qual transformamos o mundo, eu sigo a minha estrada movimentando os 23 músculos e jogando o meu sorriso caminho afora. O rótulo de idiota ou alienada não me incomoda, pra falar a verdade, só os chatos me incomodam. Bom, o conceito de chato é relativo, afinal tudo na vida depende do repertório, do ângulo de visão e da posição do vento. O que pra mim é um Galvão Bueno, pra outros é um Ayrton Senna. Como eu disse tudo é uma questão de repertório.
É comum algumas pessoas confundirem alegria com felicidade. Embora os estudiosos e dicionários insistam em colocá-los como sinônimos, na minha ótica são diferentes. Podemos ser alegres e estarmos tristes, por que não? Ficou confuso? Então pensem comigo, alegria é algo que vem de dentro, brota da alma, não precisa de elementos externos para se manifestar, é algo constante. Portanto, podemos até estar em situações adversas e acometidos pela tristeza, mas a alegria naturalmente não nos deixa sucumbir, ela nos renova. Lembram da resiliência? Pois é disso que estou falando. A alegria que vem de dentro não precisa de motivos para se manifestar, até mesmo quando não é visível, isto é, não é necessário o sorriso para identificarmos a sua existência.
Enquanto a alegria é algo de dentro pra fora, a felicidade vem em ordem inversa. Situações, momentos, conquistas, elementos externos que nos tornam felizes, portanto, é efêmera. A felicidade sem a alegria é como bolhas de sabão que explodem ao simples sopro, mas se desfazem levadas pelo vento. Por esta razão, a necessidade de buscarmos e cultivarmos a alegria genuína, com base em sentimentos igualmente genuínos, o estar feliz significa externar a alegria.
Como dizia o Gonzaguinha: ”Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar a beleza de ser um eterno aprendiz. Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita, é bonita, é bonita e é bonita”. Embora a vida seja uma dádiva, existem os que optam por viver à margem da estrada, sob sombras e, de forma egoísta, cultuando agruras. “A minha dor é a maior do mundo”, quão pretensiosos são os que assim pensam. Vocês já atentaram como é mais fácil maldizer, ou denegrir uma imagem do que tecer elogios, ou admitir que um trabalho é espetacular quando não fomos nós que produzimos?
Ser alegre é para os fortes, para os que não temem os rótulos de alienados, é encarar a dura vida com clareza, mas não se deixar achatar pela mesquinharia, pessimismo e desesperança. Desacreditar de tudo é mais fácil do que acreditar, sair da zona de conforto e fazer acontecer. É mais confortável atribuir aos governantes o grande caos do mundo, do que admitir que joga papel na rua.
Não sei se fui clara, mas tentei colocar o meu eu. Se me perguntarem se hoje estou feliz, eu respondo sem titubear que não. Hoje eu não estou feliz, pois alguns agentes externos comprometeram o meu estado de felicidade plena. Mas se me perguntarem se hoje estou alegre, a resposta é sim. Sim, eu não estou simplesmente alegre, eu sou alegre. Não por fatores externos, mas porque olho para dentro do meu ser e sinto, vejo, creio que tudo em minha vida está sob controle. Não sou mais uma na multidão que caminha a passos largos entoando o mantra do caos, nem pauto a minha vida na Lei de Murphy.
Tudo na vida consiste em acreditar, em alargar o coração, em ser leve. Viva levemente e sem vergonha de ser alegre. Quanto ao meu sorriso, perdoem-me os tristes, deprimidos e pessimistas, mas estará sempre no caminho... E, parafraseando Drummond: No meio do caminho tinha um sorriso, tinha um sorriso no meio do caminho tinha um sorriso... o meu!
Diva L.
Diva L.
"Muita coisa que ontem parecia importante ou significativa, amanhã virará pó no filtro da memória. Mas o sorriso (...) ah, esse resistirá a todas as ciladas do tempo."
Caio Fernando Abreu
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