Para que serve a língua,
pedaço sempre dúbio
e, às vezes, comestível
de carne coleante?
Não foram feitos
para ver filmes
e olhar telas
os olhos; nem ao menos
de início, para ouvir
A Quarta Sinfonia
de Mahler, os ouvidos;
tampouco presupõe
o olfato, o Chanel 5,
uma colônia ou mesmo
qualquer loção barata;
e o tato acaso existe
para apalpar de leve
cetim, seda e veludo?
Salgado e doce, azedo
e amargo, além de inumeras
outras nuances mais
ou menos dicerníveis
mostram, porém, tornando
subsidiária a fala,
para que serve a língua.
Autor: Nelson Ascher
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Sabores
21:09
Kakau
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