Pensaram que eu tinha ficado em Olinda? Até que não seria má idéia. Tudo bem que demorei um pouquinho, mas nem pensem que esqueci de vocês. A "culpa" é desse mês corrido e maravilhoso. Por isso, perdoem a ausência desta pobre e assoberbada diva, mas está valendo a pena. Enfim, fui à Olinda e voltei totalmente encantada (só pra variar), afinal, a cidade parece uma grande tela pintada por mãos divinas, os coqueiros, casarões e igrejas, as ruas estreitas, os paralepípedos, as janelas, tudo transborda em história e poesia.
Com isso, o convite para conferir ( pela milésima vez ) as belezas da Marim dos Caetés, soou oportuno, pois, além de apaixonada pela cidade, até o dia 12 aconteceu um dos maiores eventos culturais da cidade: O "Olinda Arte em Toda Parte". Então, diante de tão sedutor convite, chinelinho básico pra encarar as ladeiras, disposição e muita água de coco.
Olinda o quê? Ué, nunca ouviram falar do Olinda Arte em Toda Parte? Nossa, pois então, cristalizem o que perderam. Afinal, é um momento único quando as casinhas coloridas juntamente com as pousadas, bares e restaurantes, igrejas e museus do Sítio Histórico, abrem as portas para o público se deliciar em uma grande exposição.Comemorando 10 anos, o evento reuniu um número incalculável de artistas e a programação contemplou os visitantes com oficinas, palestras, festas, mostras, atividades culturais e um roteiro gastronômico temático.
Só para terem uma ideia, logo que cheguei fui totalmente seduzida por uma creperia que fica na entrada, pertinho da Igreja de São Pedro. Não, não foi pelo crepe (que acredito ser maravilhoso), mas pelos quadros expostos. Sintam a profundidade da artista e a riqueza de detalhes ao projetar a Clarice Lispector. Todos sabem que sou apaixonada pela Clarice, né? Mas, independente da paixão, os quadros da Jessica Martins são deslumbrantes, quase entrei em êxtase e fiquei por lá mesmo.
Se nas paredes as obras encantam, o piso é pura nostalgia. O mosaico me transportou à casa da minha avó. Podem acreditar, era igualzinho...
Mas, como era só o começo da visita, enveredei pelas ladeiras e, a cada passo, novos deslumbramentos.
"Nos quatro cantos cheguei
E todo mundo chegou
Descendo ladeira
Fazendo poeira
Atiçando o calor". Alceu Valença
Como deu pra perceber, o evento foi imenso, tipo assim: Cerca de 230 artista e 73 ateliês para visitar...Haja fôlego! Então, acompanhem as fotos dessa andança e apreciem sem moderação.
Sintam esta pintura. Oops, não é uma tela gigante e, também, não está exposta em nenhuma galeria, mas sim no muro da Pousada Quatro CantosO artista, C. Alberto que assina "Rocha, um artista de Olinda", é um exemplo do despredimento e ousadia do artista popular.
Ainda na Pousada Quatro Cantos, conferimos o trabalho da artista Marília Didier. |
Os bonecos gigantes não podiam faltar |
Juliana Notari, filha do artista plástico João Roberto Peixe, integrou a exposição "Os Herdeiros" |
Criação de Marcelo Peregrino, filho de Samico, na exposição "Os Herdeiros" |
Não precisava andar muito para apreciar o trabalho de diversos artistas. Telas, vasos, cerâmicas, vestidos, bijouterias e acessórios diversos. Todas as peças expostas na Estação Quatro Cantos, expressam a criatividade do artesão olindense. Destaque para a tela (acima) de Marcílio Fernandes, já falecido. Um encanto!
E o que dizer das exclusivas bolsas em vinil? O trabalho que traz a marca LouiseVinil Brook, propõe o resgate do vinil criando bolsas exclusivas, confeccionadas manualmente e personalizadas de acordo com a escolha do cliente.
Atentem para as bijouterias criadas por Patrícia Moura. As peças exclusivas sugerem total liberdade que, segundo ela, não acompanham os rigores de conceitos pré-estabelecidos, nem as tendências, mas sim, prioriza a valorização feminina. Detalhe, o anel é de Pet. Simplesmente a-do-rei!!!
Mas, vamos em frente. Caminhando, cantando e apreciando a imensa exposição, dei uma paradinha na Licoteria. Vocês precisam provar o licor de rosas. O rotulei de "inspiração dos poetas", afinal, o cheiro é de rosa, o sabor é de rosa, a cor é de rosa...pra inspirar ainda mais, só se fosse acompanhado de lua e violão. Perfeito!!! Só um detalhe, se estiverem dirigindo nem cheirem, pois é irresistível. Fico devendo as fotos, ok?!
Não muito longe dali, chegamos ao Abrigo Nossa Senhora de Lourdes, onde vários grupos da 3ª idade (Movimento e Vida, Renascer do Rio Doce, Nossa Senhora das Dores e artesãos do próprio abrigo), mostraram o talento não só na produção das peças, mas, principalmente, na arte da sedução. Impossível sair sem comprar. Super espertas!!!
Criadoras e criações - Artesãs do Abrigo Nossa Senhora de Lourdes |
Finalizando o passeio, depois de visitar inúmeros outros ateliês e zilhões de clicks, uma parada obrigatória: Alto da Sé, o point dos apaixonados por tapioca, no caso, euzinha aqui. Ao visitarem Olinda, anotem para não esquecer. O nome da divina tapioqueira, é Edite. Nascida em Carpina, interior de Pernambuco, há 66 anos chegou à Olinda ainda menina e, desde então, exerce o ofício. Ao lado da filha Carol, continua produzindo uma das melhores e maiores tapiocas do Alto da Sé. Hummmm, uma de-lí-ciaaaaaa!!!
Tapioca - A tapioca, digamos, está para Pernambuco como o acarajé está para a Bahia. É um ícone, um dos principais símbolos da cultura local, principalmente na cidade de Olinda. Preparada a base de massa de mandioca seca, é um atrativo obrigatório para pernambucanos e turistas. Em 2006, o Conselho de Preservação do Sítio Histórico de Olinda, concedeu à Tapioca o título de Patrimônio Imaterial e Cultural da Cidade.
2 Devaneios:
Olá, Diva L, com mais de um ano de atraso, descubro este post sobre minhas pinturas de Clarice Lispector. Agradeço o elogio, também sou fã da escritora. Estou em vias de imprimir essas pinturas em camisetas, aviso qdo estiverem prontas.
Abraço,
Jessica Martins.
Olá Jessica, quanta honra!
Obrigada pela visita e por comentar. Realmente, fiquei encantada com o teu trabalho, simplesmente perfeito. Espero que retorne com muitas e muitas novidades.
Bjo grande e abraço na alma.
Diva L.
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