quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Sabores


Para que serve a língua,
pedaço sempre dúbio
e, às vezes, comestível
de carne coleante?

Não foram feitos
para ver filmes
e olhar telas
os olhos; nem ao menos
de início, para ouvir

A Quarta Sinfonia
de Mahler, os ouvidos;
tampouco presupõe
o olfato, o Chanel 5,

uma colônia ou mesmo
qualquer loção barata;
e o tato acaso existe
para apalpar de leve

cetim, seda e veludo?
Salgado e doce, azedo
e amargo, além de inumeras
outras nuances mais

ou menos dicerníveis
mostram, porém, tornando
subsidiária a fala,
para que serve a língua.

Autor: Nelson Ascher

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá! Seu comentário é sempre bem-vindo.
Ele estimula, inspira e muito nos alegra.
Desde já, muito obrigada!!!