quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Humildade

Que a voz do poeta nunca se levante
para ter ressonâncias nas alturas.
Que o canto, das contidas amarguras,
somente seja a gota transbordante. 


Que ele, através das solidões escuras
do ser, deslize no preciso instante.
Saia da avena do pastor errante,
sem aplausos buscar de outras criaturas.

Que o canto simples, natural, rebente,

água da fonte límpida, do fundo
da alma, de amor e de humildade cheio.

Que o canto glorificará somente

a origem, quando mais ninguém no mundo
saiba ele de quem foi ou de onde veio.





Mauro Mota - Jornalista, professor, poeta, cronista, ensaísta e memorialista, nasceu no Recife (PE), em 16 de agosto de 1911, e faleceu na mesma cidade em 22 de novembro de 1984.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá! Seu comentário é sempre bem-vindo.
Ele estimula, inspira e muito nos alegra.
Desde já, muito obrigada!!!