sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O reino das palavras

Penetro, calmamente,
o reino das palavras,
em sinal de obediência
às ordens do mestre.
E todo o reino não é
mais que uma caixa:
Uma enorme caixa
cheia de sons, cheiros,
e cores.


O jardim que o cerca
de uma ponta a outra
é a fusão de um verde viçoso,
uma coroa amarelada de girassóis,
e um recheio de flores e rosas:
Tulipas, gérberas, lírios, jasmins,
margaridas, dálias, orquídeas.

O cheiro que exala do jardim
está impregnado em todos os
aposentos: As paredes tem cheiro
de rosas, do teto cai, sobre nossas
cabeças, o perfume das flores.

Tudo que soa por lá, vem da
habilidade canora das aves:
Sinfonia de sabiás, graúnas
canários e bem-te-vis.
As águas que correm pelo
rio envolto e o vento que
entoa o canto natural da vida,
regem toda orquestra.

É um reinado movido
de sonhos: Sonhos lúdicos,
fantasiosos, efêmeros.
Mas o que foge à linha
do seja efêmero?
Se, ao passo do que seja
palpável, num plano de
lucidez, a vida não passa
de uma poeira fina.

Deixe-me quieto aqui.
Preciso ficar a sós.
Por que aqui, não há leis,
não há dedo em riste,
não há opressão.
Porque, aqui, reino eu.
E tudo o que me vale é sonhar
e deixar-me embalar
pelos sons, pelos cheiros,
e pelas cores.
Sobretudo, pela minha
imaginação.

Critovam Melo 

Jardim Florido - Van Gogh

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