Não falamos sobre moda, cultura é o nosso foco, poesia nossa inspiração. Sair do lugar comum é como ver o mundo de cima de um salto 15...Vermelho!!!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Uma saudade danada


Quando junho desponta me jogo na mais profunda nostalgia e, quando anuncia o final, a tristeza é profunda. Junho e Nordeste são como goiabada e queijo, bom, pelo menos deveria ser como num passado não muito distante. Nossas festividades que outrora eram uma explosão de tradição e cultura passou a ser sinônimo de cifras, cifras e cifras. Nada contra o turismo, tudo contra o fato de sacrificarem nossas tradições em nome de festividades pra turista ver. Com isso, criou-se o mês de festividades juninas fabricadas. 

Não acredito que turista saia de seu "habitat" para ver e aplaudir encenações que mais parecem folhetins globais, que, diga-se de passagem,  nada tem a ver com a exposta e ridicularizada pela Vênus Platinada. Meu sotaque, por exemplo, é genuinamente pernambucano, sonoro, arrastado e quase cantado apreciado por muitos, mas também, detestado por...digamos, números nada relevantes. Eu, particularmente, acho belíssimo sem falsa  modéstia.

Voltando às festividades e tomando a Veneza Brasileira como referência, bons tempos quando as quadrilhas juninas eram ensaiadas nas ruas, os arraiais eram produzidos pelos moradores com palhas dos coqueiros, bandeirolas recortadas e coloridas, nada a pagar e muito a apreciar. Nada de coreografias com passos marcados que lembram os malabarismos dos espetáculos circenses ou as grandiosas escolas de samba do Rio. Tudo era feito com simplicidade, uma grande brincadeira onde errar era permitido.  Nada se disputava e tudo se ganhava.

Saudades de quando o forró-pé-de-serra era o grande astro que convidava a dançar agarradinho. Imensa saudade de quando Caruaru, popularmente conhecida como a Capital do Forró, não precisava disputar com Campina Grande o título de maior ou melhor São João do Mundo. As quadrilhas eram quadrilhas e não drilhas. Damas e cavalheiros, alavantu e anarriê, nada de bandas de gosto duvidoso, com coreografias e composições que mais parecem um convite explícito ao motel mais próximo, nada contra os motéis, mas cada coisa no seu lugar, sem falso moralismo.

Ainda não consigo digerir as programações destas cidades tão ricas, salvo raras exceções, chegam a ser patéticas e nada tem a ver com a tradição. Com isso, perdemos todos, e muito mais os turistas que chegam à terrinha e só levam na bagagem a lembrança de sons infames de grupos que se dizem de forró. Como se não bastasse, ainda não consegui entender o princípio ativo cuja composição levou a inserir na programação o Chiclete com Banana...O ritmo? A levada da sanfona?  Não sei, como também não consigo conceber como uma terra que tem a oportunidade de reunir grandes nomes como Nando Cordel, Maciel Melo, Josildo Sá, Irah Caldeira, Santanna, Petrúcio Amorim, entre tantos outros, ocupa o espaço com grupos medíocres que se dizem de forró. Valha-me Luiz Gonzaga!!!

Lamento profundamente que a Marcella e o Nicolau nunca tenham visto um verdadeiro festejo junino, nem tenham provado da canjica feita com milho verdinho feita por minha mãe, restando apenas o bolo de milho de flocão e a “música” da Banda Calypso.  Fazer o quê, né!? Aos pobres mortais resta apenas estourar “traques de massa”  e “peidos de veia”.

É isso! 


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