E apesar de tudo,
ainda sou a mesma!
Livre e esguia, filha eterna
de quanta rebeldia
me sagrou. Mãe-África!
Mãe forte da floresta e do deserto,
ainda sou, a irmã-mulher
de tudo o que em ti vibra
puro e incerto!...
- A dos coqueiros,
de cabeleiras verdes
e corpos arrojados
sobre o azul...
A do dendém
nascendo dos abraços
das palmeiras...
A do sol bom,mordendo
o chão das Ingombotas...
A das acácias rubras,salpicando de
sangue as avenidas,longas e floridas...
Sim!, ainda sou a mesma.
- A do amor transbordando
pelos carregadores do cais suados e confusos,
pelos bairros imundos e dormentes
(Rua 11...Rua 11...)
pelos negros meninos de barriga
inchada e olhos fundos...
Sem dores nem alegrias,
de tronco nu e musculoso,
a raça escreve a prumo,
a força destes dias...
E eu revendo ainda
e sempre, nela,aquela
longa historia inconseqüente...
Terra!
Minha, eternamente...
Terra das acácias, dos dongos,
dos cólios baloiçando,
mansamente... mansamente!...
Terra!
Ainda sou a mesma!
Ainda sou
a que num canto novo,
pura e livre,me levanto,
ao aceno do teu Povo!...
1 Devaneios:
"As almas das poetisas são todas feitas de luz, como as dos astros: não ofuscam, iluminam...."» (Florbela Espanca.)
obrigada por um texto tão forte
Ainda sou a mesma!
Ainda sou
a que num canto novo,
pura e livre,me levanto
D ++++ bjkas Andréa1
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