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Elô Araújo
Ela é o que podemos chamar de um vinho raro. Elegante, inteligente, competente, sensível, profissional... Quantos adjetivos são necessários para definir a grande dama do teatro? Confesso que, dentro do meu modesto vocabulário, não tenho condições de definir o talento de Arlette Pinheiro Esteves da Silva, ou melhor, Fernanda Montenegro.
Ao pensar e escrever sobre esta atriz, entre uma frase e outra é necessário parar e refletir, pois expressar o real significado dos 80 anos de Fernanda Montenegro requer análise. Em um país que não valoriza os maiores de 60, Fernanda é um tapa na hipocrisia e nos falsos rótulos que vêem estas pessoas como "limitadas", quando na verdade, limitados são todos os que se entregam ao mundo encantado dos que nada fazem, independente da idade.Uma unanimidade de público e crítica, ela detém um invejável currículo e, o mais fantástico, maturidade para assumir publicamente a idade, ao contrário de outras atrizes que não só negam, como também, se expõem e servem de piadas em programas de gosto duvidoso.
Falar em Fernanda Montenegro é reviver personagens que se eternizaram tanto no cinema, quanto na televisão e teatro. Protagonista, antagonista, coadjuvante, independente da colocação dentro da trama, o mesmo comprometimento e profissionalismo. De comédias à dramas, ela nos faz rir, chorar e se apaixonar a cada nova aparição.
Dentro da minha visão e conceitos, Fernanda Montenegro é hoje a mais completa atriz brasileira, digna de todos os aplausos dentro e fora dos palcos.
Fernanda Montenegro ao lado de Fernando Torres,
em cena da peça "Dias Felizes" (1985/6)
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